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.: Um paulista de pé e à ordem sempre!:.

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||| Antenor de Oliveira Mello Júnior, nasceu no município paulista de Bofete, a 16 de janeiro de 1914. Era filho de Antenor de Oliveira Mello e Alzira Alves de Almeida Mello. Bisneto de Joaquim de Oliveira e Silva e Deolinda Rosa de Oliveira, pelo lado paterno, e de Eugênio Lira de Almeida e Francisca das Chagas de Jesus, pelo lado materno, os quais também foram os fundadores de Bofete.
|||Nas origens genealógicas de Antenor estão as famílias Pinto de Mello, Silva Mello, Oliveira e Silva, Corrêa de Mello, Santana de Mello, Paixão de Mello, Torres de Mello, Caldeira de Mello, Villas Boas de Mello, Bandeira de Mello, Pereira de Mello, entre outras.
|||Antenor nasceu na Fazenda de seu avô coronel Apolinário Alves de Almeida, que pertenceu à antiga “Collectoria Estadual”, tendo ocupado os cargos de agente, coletor, agente dos Correios, ajudante do Procurador da República, Delegado de Polícia, Inspetor Escolar, Tesoureiro da Camara Municipal, todos na cidade de Bofete.
|||Na grande crise do Café ocorrida nos anos de 1929 a 1930, seu avô coronel Apolinário ficou sem a fazenda e todos, seus pais e irmãos mudaram-se para Itapetininga, vindo a residir na rua Padre Albuquerque, onde possuíam um armazém.
|||Corria o ano de 1932 e com a eclosão da Revolução Constitucionalista, intensa foi a propaganda em prol do alistamento voluntário da parte de todos os paulistas que em armas poderiam tomar. Tal era o clima de excitação, que o jornal “O Estado de São Paulo” assim se manifestava em seus editoriais do mês de julho daquele fatídico ano:
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(...) o Estado transformou-se em uma caserna generalizada e a resposta era uma e única, a clarinada convocadora: “Presente!” Sim. Presente, o paulista de todas as procedências. Presente na entestada contra os exércitos da ditadura. Presente até os derradeiros momentos. Que maiores coisas se fariam por este Brasil, do que essa de oferecer, na ara do sacrifício, a própria vida? Grandes coisas se fizeram. O campo e a cidade, as lavouras e as fábricas se irmanaram na mesma orientação de luta. Homens e mulheres, moços e velhos confraternizaram-se nos vários setores da mobilização. Todos se organizavam e contribuíam com o esforço da luta (...)

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|||Antenor de Oliveira Mello Júnior, com pouco mais de 18 anos atendeu ao chamado do Exército Constitucionalista do Setor Sul e, como voluntário, alistou-se em Itapetininga, no recém criado Batalhão Voluntários de Itapetininga.
|||Designado foi esse batalhão para a região de Gramadinho e depois para o Rio das Almas, em Capão Bonito. O clima de beligerância nesses arraiais seria melhor descrito na reportagem de Stopin e Waldemar Buhr, correspondentes de guerra do jornal “O Estado de São Paulo”:
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(...) O vento causa arrepios, sibila pelos galhos, faz voejar as folhas secas espalhadas na estrada. E nosso carro rodando, rodando... Chegamos em Gramadinho. Precisamos visar, no Posto de Comando do coronel Milton, os documentos de livre trânsito nas zonas de operação. Conversam com o coronel Milton, com o Aristeu Seixas (grande artista , sutil burilador do “ Pôr do Sol”), com o capitão Paiva e com o famoso e valente capitão Affonso Negrão, comandante do trem blindado, na Zona Sul e, a partir daquele momento, passou a dirigir as operações do auto-blindado. Narrando fatos desse auto-blindado, o capitão Affonso diz que, no dia 11 de setembro, realizaram forte ofensiva junto ao rio das Almas. Escoltado pelas tropas, o auto-blindado “14 de julho” arrancou e, inesperadamente, surgiu ao lados dos adversários. A esta aparição intempestiva, precedida de fortíssimo ataque de fuzis e metralhadoras, os inimigos, espavoridos, debandaram, pondo-se em retirada. Os jornalistas desejam visitar as linhas avançadas. São apresentados ao major Rodrigues que os leva até as trincheiras. Junto à ponte que se debruça junto ao Rio das Almas, o major Rodrigues adverte a todos que devem seguir a pé, já que estavam de carro, pois poderiam ser alvejados pelos inimigos. Enveredam-se por uma picada, aberta recentemente, onde tropicam em galhos retorcidos e em troncos mal cortados. Duzentos metros dentro do mato, narram, que a solidão os envolve, que os acoberta, que os agarra impiedosamente, fazendo-os tremerem . Na clareira espiam com receio, temendo que o inimigo ali esteja de atalaia, pronto a atacar. Um pouco mais adiante, chegam às trincheiras repletas de nossos soldados. Ao entardecer, tiros espoucam junto aos jornalistas. O aspirante Salles esclarece que são tiros de inquietação, pois é hora em que o inimigo se prepara para jantar (...)

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|||Meu pai, Antenor de Oliveira Mello Júnior , sempre me contava que tinha lutado nessa região e que a ele, juntamente com seu colega Tibagi, cabia patrulharem o mato, à noite, indo até as linhas inimigas verificar a movimentação de suas tropas e, no retorno, reportavam ao comandante do batalhão o que tinham visto.

|||Mateiro de primeira linha, sempre chamavam o meu pai de “capitão “, autonomásia a ele conferida por seu professor Hermelino Corrêa, o “Seu  Milico”, cunhado do eminente professor Paiva Pereira, de Itapetininga, quando Antenor fora aluno deste em Bofete.

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Soldado Antenor de Oliveira Mello Júnior em 1932

Fonte. Afrânio Franco de Oliveira Mello

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|||Talvez por seu conhecimento de mato, posteriormente a mim confirmado pelo amigo Waldomiro Benedicto de Carvalho, o “Chuca”, que em caçadas nas matas de São Miguel Arcanjo,  dizia nunca ter visto alguém piar o “ macuco ” e andar pelo mato como meu pai Antenor fazia.
|||Creio eu que fora por causa dessa habilidade que tenha ele sido escolhido para essas missões de patrulha noturna. Ademais, contava-me meu pai que ele e o Tibagi haviam construído um abrigo, tipo trincheira pequena, junto a uma das pontes sobre o rio das Almas. Fizeram o buraco, cortaram árvores grossas e finas, construíram o abrigo. Desse abrigo saíam ele e o Tibagi para pesquisar a movimentação das tropas gaúchas.
|||Recordo-me de que quando estava eu construindo minha casa, o pedreiro Firmino ofereceu-me um fuzil que tinha sido usado na Revolução de 32. Perguntei como tinha conseguido tal arma, e ele contou que quando criança brincava muito em um abrigo, junto a uma ponte no rio das Almas e que passava perto do sítio do seu pai.
|||Firmino, quando criança ainda, tinha visto muitos soldados inimigos serem mortos pela metralha dos paulistas. Conta que os corpos abatidos eram enterrados em cova rasa. Depois do término da revolução, ele, seus irmãos e amigos, saiam pelo campo, a procura de cápsulas das balas e em uma dessas idas e vindas, tinha encontrado o fuzil.

|||Em face desse relato, imediatamente levei Firmino para conversar com o meu pai sobre esse abrigo. Papai deu detalhes do espaço e da construção do mesmo, confirmados pelo Firmino. De fato, era o abrigo que construído e ocupado fora pelo meu pai e seu companheiro Tibagi. Eu, só escutando,  enchi-me de orgulho.

|||Outrossim, papai, ferido em batalha, foi encaminhado para Itapetininga, medicado, e ao final da revolução, quando retornou para o seio de sua família, Antenor pouco antes de chegar em casa, desmaia na rua Prudente de Moraes e é socorrido pela mãe do Humberto Franci, a senhora Iria Luchesi, de tradicional família de Itapetininga. (Luchesi, Luchini, de Lucca, sobrenome dos originários da região de Lucca-Itália).
|||Meu irmão Aguinaldo lembra que nossa avó Alzira contava que, nesse dia do desmaio de papai, estava ela na janela  de sua casa que dava para a rua quando avistara caminhando em sua direção  um moço magro e barbudo, sorridente, e que para sua surpresa constatara ser o Antenor que voltava para casa. D. Alzira, contudo, não o reconhecera, porquanto quando ele seguiu para a revolução, estava um pouco gordo e sem barba.
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Soldado Antenor, Sargento Chico, Soldado "Marmita" e Soldado Enfermeiro Mazalai

Fonte. Afrânio Franco de Oliveira Mello

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|||Dos objetos que pertenceram ao meu pai nessa época, tenho o capacete, uma arma branca, longa e pontiaguda e alguns pentes de balas. Também possuo um periscópio de trincheira e as duas fotos que a seguir ilustram esse texto e, também, as medalhas pelo meu pai recebidas, uma por Honra ao Mérito ao ferimento em batalha recebido e outra pela participação no Movimento Constitucionalista.
|||Os outros parentes meus que lutaram na Revolução de 1932 foram Euvaldo de Oliveira Mello, ex-secretário da Educação do Governo do Estado de São Paulo, gestão do Governador Carvalho Pinto e, Alcínio Rocha, o “Tio Lico ”, pai da minha prima, professora e advogada Alcina Rocha Peres de Oliveira.
|||Nos anos pós-revolução, meu pai Antenor foi químico na Empresa Elétrica Sul Paulista, no município de São Miguel Arcanjo, balconista das Casas Pernambucanas, e depois comerciante com armazém de secos e molhados até que, em 25 de janeiro de 1940, casou-se ele com a professora Amélia Corrêa Franco Mello.
|||Recém-casados, foram eles residir em um uma região de nome Taquaruçu, nas imediações do município paulista de Registro, na qual estava instalada uma colônia japonesa, onde Antenor e Amélia passaram a ser os únicos habitantes não japoneses. D. Amélia, inclusive, foi ser ali professora e Antenor, agricultor dedicado ao cultivo do arroz.
|||Durante a Segunda Guerra Mundial, fora Antenor nomeado elemento de ligação entre as autoridades e a colônia japonesa de Taquaruçu, dado a boa relação que ele e sua esposa detinham com os habitantes dali.
|||Nesse período foi ele também agente recenseador e percorria a toda a região no lombo de seu intrépido cavalo “Gigante”, fazendo pesquisas e desenhando mapas em lâminas de vidro com tinta nanquim vermelha e preta.
|||Essas lâminas e mapas foram mais tarde doadas ao Museu do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde atualmente existem para o conhecimento das gerações presentes e futuras.
|||Posteriormente, foram Antenor e D. Amélia residir no Bairro Jacutinga e depois na cidade de Guarei, onde mais uma vez D. Amélia desempenhava as funções de professora primária. Continuava Antenor com as atividades ligadas à agricultura, quando em 1945, ingressou ele no IBGE, ano da fundação deste renomado instituto, no cargo de agente municipal.
|||Foi no desempenho de suas funções nesse cargo que Antenor tornou-se geógrafo e estatístico, sendo posteriormente transferido para Itapetininga em idêntica função.
Nesta cidade que outrora partira soldado para a Revolução de 32, agora voltara como agente do IBGE, ascendendo aos cargos de agente itinerante, supervisor e por fim delegado regional responsável pelo atendimento de 33 cidades de nossa região.
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Antenor de Oliveira Mello Júnior na década de 1960

Fonte. Afrânio Franco de Oliveira Mello

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|||Aposentou-se ao final dos anos 70, após 35 anos de relevantes serviços prestados ao instituto, ao estado de São Paulo e ao Brasil.
Mas a vida profissional continuaria ainda mais para Antenor, que em 1971, ingressou na Faculdade de Direito da Fundação Karnig Bazarian, em Itapetininga, formando-se Bacharel em Direito no ano de 1975.
|||Aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), obteve ele, na cidade de Curitiba, seção do Paraná, seu registro da OAB sob número 7634-1. Foi advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itapetininga por 10 anos.
|||Antenor foi membro da Loja Maçônica Firmeza onde ingressou a 9 de outubro de 1954. Por duas vezes, Antenor ocupou a presidência da Loja, sendo ainda, o Vice-Presidente, Orador, Secretário e também Tesoureiro, atingindo ainda o cargo de Delegado Regional do Grande Oriente de São Paulo para a região de Itapetininga.
|||Secretário do Grupo de Escoteiros quando o presidente era o “Seu Mimi ”, Antenor foi também secretário da Banda do Rosário, membro da Diretoria da Santa Casa de Misericórdia de Itapetininga por longos anos, tendo trabalhado para a construção do Hospital São José, do qual foi tesoureiro por largos anos.
|||De outras entidades que pertenceu, cito que papai foi sócio de nº 738 do Departamento de Estradas de Rodagem de Itapetininga (DERAC), sócio da Associação Atlética de Itapetininga, do Clube Venâncio Ayres, do Clube dos Bancários, membro e juiz da Liga Itapetininga de Futebol.
|||Antenor de Oliveira Mello Júnior faleceu a 24 de junho de 1988, ao 74 anos, de insuficiência cardíaca, em Itapetininga, onde se encontra sepultado.
|||De seu casamento com a professora Amélia, deixou os filhos Aguinaldo Franco de Oliveira Mello, Annita Franco Mello Cabral e Afrânio Franco de Oliveira Mello.
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Viaduto "Durvalino Toledo" na rua Antenor de Oliveira Mello Júnior

Fonte: Acervo MMDC Itapetininga

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|||Na Administração do Prefeito Municipal José Carlos Tardelli, o nome de papai foi dado a rua que liga a cidade a Vila Santana, aquela que passa por debaixo do Viaduto Ex-Ferroviário Durvalino de Toledo.
|||Quis o destino nos pregar essa impressionante e derradeira peça. Unir nesse local dois soldados constitucionalistas, o herói da Legião Negra cabo blindado Durvalino de Toledo e o soldado do Batalhão de Voluntários de Itapetininga Antenor de Oliveira Mello Júnior.
|||Sem sombra de dúvida alguma, são essas duas sentinelas que deixam muito bem guardada essa entrada da Vila Santana em Itapetininga.
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Afrânio Franco de Oliveira Mello
Julho de 2012
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