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.: Mulheres de outrora :. |
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|||Na História Militar
de nosso Brasil raras são as revoluções, combates,
guerras e revoltas nas quais a participação da
mulher não tenha ocorrido.
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|||De fato, seja nas
linhas de frente, tomando das armas para lado a lado
combater com os homens ou preencher os claros que o
fogo e o aço ceifavam, seja na retaguarda
auxiliando, suprindo, confortando, salvando,
atendendo e alimentando, as mulheres tiveram, ao
longo de toda essa história, pontuada de vitória e
derrotas, um papel relevantíssimo e ajudaram, na sua
maneira carinhosa, sincera, dedicada e decidida, a
mudar o rumo dos destinos de nosso país. |
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Maria Quitéria de Jesus, Ana Néri, Anita Garibaldi e Elza
Cansanção |
Fonte: montagem MMDC Itapetininga |
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|||Com efeito, a
aguerrida mulher brasileira, da estirpe de
Maria Quitéria de Jesus,
que deixou o lar no interior da Bahia para
alistar-se como soldado na luta pela independência
do Brasil;
Ana Justina Ferreira Néri,
que seguiu para a Guerra do Paraguai junto de seu
irmão e filhos e lá fundou hospitais;
Anita Garibaldi,
heroína de dois mundos, companheira de Giuseppe
Garibaldi na Revolução Farroupilha; a major
Elza Cansanção Medeiros,
enfermeira da Força Expedicionária Brasileira na II
Guerra Mundial, em suma, mulheres que entre tantas
outras, incógnitas ou não, participaram de
sacrifícios em nome de ideais maiores e com o seu
sangue e suor também ajudaram a colher da glória
para seu povo e país. |
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.: Mulheres por São Paulo :. |
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|||Na
Revolução Constitucionalista
de 1932
o proeminente papel e a imprescindível presença da
mulher não foram diferentes. |
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|||É digno de
reconhecimento que os tremendos esforços de guerra
empreendidos por São Paulo para enfrentar as
vultosas hostes inimigas que o acossavam exigiu de
todos, homens, mulheres e até crianças, uma união
indissolúvel e um comprometimento sem paralelos na
história desse estado nos quase três meses daquele
conflito. |
|||Segundo o escritor
Hernâni Donato,
em sua obra "A
Revolução de 32" (1982), os números
bem revelam a solidez dessa união e salientam a
presença e a contribuição das mulheres, de fato, o
autor, na página 194 de sua obra nos conta que |
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|||- 72.000 mulheres
trabalharam como voluntárias somente nas oficinas de
costura, sendo que tais oficinas produziram
60.000 fardamentos em vinte dias. Até o último
dia de setembro, esse número alcançou os 450.000. |
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Mulheres paulistas costurando fardamento |
Fonte: "A Revolução de 32" (1982) p. 113 |
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|||- A
Cruz Vermelha
fez funcionar, diuturnamente, cursos rápidos de
enfermagem para moças e viúvas que, uma vez
conhecedoras dos misteres básicos da atividade,
seguiam para as frentes de combate, onde nos
hospitais e postos de emergência iriam aplicar os
seus conhecimentos. |
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Mulheres paulistas enfermeiras em direção às frentes de
combate |
Fonte: "A Revolução de 32" (1982) p. 194 |
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|||- Damas da alta sociedade
paulista e moças de condição financeira menos
abastada se uniram em salas de trabalho e em
enfermarias para não só confeccionar fardamento e
agasalhos, material curativo e assistencial, mas
também material de guerra. |
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Mulheres paulistas na fabricação de capacetes de aço |
Fonte: "A Revolução de 32" (1982) p. 175 |
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|||- Essas mesmas damas também
não pouparam de suas posses para a Campanha "Ouro
para o bem de São Paulo" cujas
doações foram fundamentais para o sustento
financeiro dos esforços de guerra empreendidos na
revolução. |
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Mulheres paulistas na doação de suas jóias, alianças e
demais bens |
Fonte: "A Revolução de 32" (1982) p. 113 |
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|||- Grupos assistenciais de
mulheres integrados por mulheres procuravam e
atendiam soldados e as famílias de soldados em suas
necessidades. |
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Mulheres paulistas no cuidado dos soldados |
Fonte: "A Revolução de 32" (1982) p. 146 |
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|||- Houve ainda mulheres que
tomaram das armas e até fizeram prisioneiros, a
exemplo de
Maria Sguassábia,
de São João da Boa Vista, que integrou a legendária
coluna Romão Gomes, e a "Nhá" Chica
Messias, descrita por um voluntário como "mulher
de idade que, fardada e armada de revólver,
acompanhava os seus mininos. Mulher valente, foi até
o fim da campanha" |
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Mulheres paulistas em direção às frentes de batalha |
Fonte: "A Revolução de 32" (1982) p. 194 |
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.: Mulheres por São Paulo em Itapetininga :. |
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|||Quando de nossa pesquisa realizada sobre o
atual prédio do DER.2,
viemos a conhecer o fato de que Itapetininga
sediara o quartel general daquele exército em
operações no setor sul do estado e que, portanto,
sediou também várias entidades de suporte às ações
de guerra emprendidas nesse mesmo setor, entre elas,
hospitais de campanha, como os que funcionaram no
Colégio de freiras beneditinas
Instituto Imaculada Conceição
e no prédio da então
Escola Normal Peixoto Gomide. |
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Serviço de atendimento de Enfermagem em Itapetininga |
Fonte: "Memórias
de Itapetininga" (Parma, 2008) |
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|||Tal era o estado de coisas em Itapetininga que o casal
João Olympio e
Teresa registrou em seu livro "Memórias
de Itapetininga" (2008) que o
município "abrigava, como podia, soldados
mutilados das trincheiras e famílias famintas que
abandonavam tudo, espavoridas" (p.91). |
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|||Entre as voluntárias que figuravam nos diversos serviços de
enfermagem em pleno funcionamento na cidade, havia
as seis irmãs do tenente
Francisco Fabiano Alves,
todas enfermeiras voluntárias do Exército
Constitucionalista, a saber, Zulmira Fabiano Alves,
Juliana Fabiano Alves, Lucila Fabiano Alves, Maria
José Fabiano Alves, Maria Fabiano Alves e Jandira
Fabiano Alves. |
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As seis irmãs enfermeiras voluntárias da Família Fabiano
Alves
Fonte: Arquivo da família Alves Rolim |
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|||Destas seis irmãs,
nossas pesquisas nos permitiram conhecer mais a
fundo sobre a vida de Juliana Fabiano Alves (a
segunda pessoa da direita para esquerda na fila
frontal) e veremos que como o seu irmão Francisco
Fabiano Alves, estava ela destinada não só a lutar
por São Paulo, mas também engrandecer a cidade de
Itapetininga nos anos pós-revolução. |
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.: Dona Juliana Fabiano Alves :. |
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|||Segundo o seu biógrafo
Carlos Fidêncio, no livro "ITAPETININGA
ONTEM-HOJE" (1986), "Dona Juliana Fabiano Alves", como veio a ficar
conhecida de todos os itapetininganos, foi nascida a
13 de maio de 1913, no município paulista de São
Manuel, filha do major da Guarda Nacional Joaquim Fabiano Alves e
de D. Ana Franco Fabiano Alves.
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|||Ainda de acordo com Carlos
Fidêncio, na página 171 de sua obra, Juliana
mudou-se para Itapetininga em 1924, aos 11 anos
(muito provavelmente vindo de São Manoel com o
restante da família) e uma vez aqui, aprendeu as
primeiras letras, e posteriormente, graças a sua
viva inteligência e dedicação inconteste aos
estudos, a brilhantemente se formar professora na
tradicional e prestigiosa
Escola Normal Peixoto Gomide. |
|||Contava Juliana com
dezenove anos completos quando estoura a Revolução
Constitucionalista de 1932 e a exemplo das outras
irmãs (a irmã mais velha, Mariana Fabiano Alves, já
tinha inclusive sido enfermeira na
Revolução Paulista de 1924)
enverga do uniforme cáqui e à serviço de São Paulo
se encontra nos hospitais de sangue de Itapetininga. |
|||Registros do que
possam ter vivido e experenciado infelizmente
inexistem na atualidade, mas é de ser crer que o
sofrimento, as dores e as mortes que essas jovens
moças testemunharam no abnegado e nobre exercício de
suas funções devam ter deixado marcas indeléveis em
suas memórias e corações para o restante de suas
vidas. |
|||De fato, sabemos por
pesquisas
realizadas junto ao
Instituto Imaculada
Conceição
que 840 combatentes chegaram a ser ali atendidos
durante os trinta e oito dias de funcionamento do
mesmo como hospital. Imagine-se, pois, o enorme
fluxo de soldados advindos das diversas frentes,
Itararé,
Buri,
Capão Bonito
e
Paranapanema, feridos, mutilados e desfalecidos, que diariamente
lotavam os leitos deste e dos outros hospitais de
sangue improvisados na cidade e poderá ser ter uma
idéia do que essas e tantas outras enfermeiras
voluntárias de Itapetininga vivenciaram por São
Paulo. |
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Enfermeiras no Hospital "Peixoto Gomide"
Mariana é a
segunda pessoa da dir. para a esq.
Fonte:
Heroísmo Desconhecido
(Regional, 1987) |
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|||Terminada a
Revolução em outubro de 1932, Juliana e suas irmãs
deram prosseguimento às suas vidas. Aqui nos foi
relatado em "ITAPETININGA
ONTEM-HOJE" (1986), página 171, que Juliana iniciou a sua carreira no
magistério como professora de programa de
Alfabetização de Adultos, vindo a lecionar,
posteriormente, no Grupo Escolar
Major Fonseca,
na época frequentado exclusivamente por
itapetininganos de baixa renda, daí a escola ter
sido apelidada de "Grupo de pé no chão". |
|||Prosseguiu Juliana
na carreira docente vindo a lecionar onde se formara
anos antes, no conceituada
Escola Normal Peixoto Gomide entre outros estabelecimento de ensino do município até se
aposentar. Foi, ao lado do irmão Francisco Fabiano
Alves, uma das fundadoras da Associação de Ensino de
Itapetininga, vindo a se tornar seu vice-presidente.
Esta associação enquanto existiu foi a entidade de
coordenação da antiga Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Itapetininga, do "Ginazinho" e
da tradicional Escola de Comércio. |
|||Mas Juliana não fora
só educadora de escol antenada às necessidades
educacionais do município. Mas também às
necessidades sociais, porquanto fora ela também
vereadora de Itapetininga por cinco
legislaturas, vindo a assumir o cargo de
vice-prefeita, na gestão de 1960 a 1963 e de
prefeita em exercício, por 90 dias nessa mesma
gestão, devido o afastamento do titular do cargo, o
professor José Ozi. |
|||Sua ascensão à
chefia do Executivo municipal inscreveu o seu nome
nos rol dos Prefeitos como a primeira e, até o
presente ano de 2011, a única mulher a ocupar este
cargo na história de Itapetininga. |
|||Fervorosa católica e
responsável ministra da Eucaristia por muitos anos,
D. Juliana Fabiano Alves não foi casada e nem deixou
descendência de sangue, mas deixou em seus alunos e
todos que com ela conviveram vasta descendência de
idéias, ensinamentos e valores tais como
simplicidade, patriotismo, abnegação e dedicação ao
próximo, valores esses que caracterizaram toda a sua
expressiva existência até os 82 anos, quando veio a
falecer em 7 de novembro de 1995, em Itapetininga. |
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D. Juliana Fabiano Alves (em 1932 e na década de 80) |
Fonte: Arquivo da família Alves Rolim |
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|||Atualmente seus
restos mortais descansam ao lado dos pais e dos
irmãos, no Cemitério da Irmandade do Santíssimo
Sacramento e, recentemente, foi o seu nome dado à
uma Escola Municipal de Ensino Infantil, a EMEI
Professora Juliana Fabiano Alves. |
|||No dia 8 de Março de
2012, o 22º Batalhão de Policia Militar do Interior,
em parceria com a Sociedade Veteranos de 32-MMDC,
prestaram-lhe uma
homenagem póstuma
concedendo o Diploma de Honra ao Mérito Juliana
Fabiano Alves a enfermeiras em solenidade alusiva ao
Dia das Mulher naquele ano. |
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.: Agradecimentos :. |
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|||Ao amigo Carlos Fidêncio que teve o privilégio de conhecer
em vida e entrevistar a D. Juliana Fabiano Alves.
Seu texto biográfico dela constante no livro "ITAPETININGA
ONTEM-HOJE" (1986) foi o que possibilitou essa pesquisa. |
|||Agradecimentos também merecidos são à pessoa de Sr. Wilson
Gomes de Almeida Júnior, funcionário da prefeitura e
pessoa por demais acima de qualquer elogio pela sua
educação, humildade e desejo inconteste de ajudar a
quem quer que se dirija ao cemitério de Itapetininga
em buscas de informações. |
|||E por fim à sobrinha de D. Juliana, a senhora Maria Teresa
Alves Rolim, por nos ter cedido a foto das seis
irmãs da família Fabiano Alves em uniforme militar
que ilustra essa página. Imagem esta, sem dúvida,
desconhecida até então de toda Itapetininga e que
por intermédio de sua gentil oferta, podemos agora
levar a público. |
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Portal Paulistas de Itapetininga |
Sustentae o fogo que a Victória é nossa! |
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