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.: Os primeiros anos :. |
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|||Osvaldo Raphael Santiago
nasceu a 24 de Outubro de 1914 em
Apiaí, SP.
Filho de
Isidoro Alfeu Santiago
e de Isabel Pontes Santiago, casal de família
tradicional dessa pequenina e florescente cidade
situada na região do Alto Vale do Ribeira, no sul do
Estado de São Paulo. |
|||Foi ali que Osvaldo passou sua infância de
menino do interior, ao lado dos irmãos Eliziário,
Maria Aparecida, Aristeu e Ondina. |
|||Um triste acontecimento, porém, atinge o lar da
família Santiago nos idos de 1921. D. Isabel
falece e o duro golpe não foi capaz de produzir
maiores conseqüências porquanto mais adiante o Sr.
Isidoro
contrairia núpcias com Geni Teixeira Santiago,
moça extremosa que no melhor de seu amor e dedicação
soube suprir a lacuna deixada pelo falecimento de D.
Isabel, não só cuidando de Osvaldo e seus
irmãos, como também lhes presenteando com novos
irmãos, filhos que teve com o Sr. Isidoro, a
saber, Zilda,
Olga, Leonice, Sinésio e
Fernando. |
|||Apiaí também foi a cidade onde Osvaldo
adquiriu as primeiras letras, concluindo seus
estudos com brilhantismo no grupo escolar local sob
a cátedra da emérita professora Antonia Baptista
Calazans Luz. Sua maior aptidão, porém, ele a
demonstrou muito cedo, qual fosse, o gosto pela
direção de veículos motorizados, profissão que dali
a alguns anos Osvaldo faria longa, profícua e
honrosa carreira. |
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.: Horizontes em tormenta :. |
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|||Os anos passam e
chegamos ao dia 24 de Outubro de 1930, data na qual
Getúlio Vargas
atinge o poder por intermédio de golpe de estado
apoiado por Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do
Sul. Com esse golpe, Getúlio derruba
Washington Luís
da chefia do Poder Executivo e impede o
itapetiningano
Júlio Prestes de Albuquerque
de assumir a presidência do Brasil, encerrando com
isso período de nossa história conhecido como
República Velha. |
|||No entanto, não
estava toda a sociedade brasileira satisfeita com os
rumos que a revolução de 1930 e o
governo provisório
de
Getúlio Vargas haviam estabelecido para o
país. Entre os descontentes estava o Estado de São
Paulo, fosse pelas políticas demasiadamente
centralizadoras promovidas por Getúlio, fosse
pela nomeação de interventores federais contrários à
mentalidade e aos interesses paulistas.
|
|||Com efeito, São
Paulo exigia o fim da ditadura do governo provisório
e a promulgação de uma nova constituição para o
Brasil. |
|||Em resposta a
irredutibilidade de Vargas, São Paulo
deflagra o que veio a se tornar o maior movimento
cívico de sua história, a
Revolução Constitucionalista
de 1932, cuja movimentação armada
teve por estopim a morte dos jovens paulistanos
Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno
Miragaia, Dráusio
Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo
de Andrade a 23 de Maio daquele ano. |
|||A 9 de Julho de 1932
inicia-se a Revolução Constitucionalista e os
municípios do Estado de São Paulo se dão as mãos
para os esforços que a guerra ser travada nos
próximos meses iria demandar. |
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.: Paulistas, Às Armas! :. |
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|||Na pacata Apiaí
daqueles idos chegam notícias e avisos ininterruptos
de que voluntários são cada vez mais necessários
para a formação de batalhões com destino às lides
revolucionárias. |
|||O jovem Osvaldo, com seus dezessete anos de
idade recentemente completos, ao ver amigos,
parentes e conhecidos se alistarem na
Força Pública do Estado de São
Paulo – então arvorada à condição de
Exército Constitucionalista – sentiu pulsar forte no
seu coração adolescente a aspiração de seguir o
exemplo deles todos e honrar Apiaí e São Paulo no
tomar das armas. |
|||Como esse ideal em mente, ele se alista e integra
como soldado contingente de voluntários apiaienses
com destino aos batalhões em formação na cidade de
Itapetininga, SP. |
|||Um tio de Osvaldo que nesta cidade residia e
servia no
8º Batalhão de Caçadores
Paulistas, o então 1º tenente
José Feliciano Martins, bem conhecia a
vivacidade atilada do sobrinho, houve então por bem
sugerir ao comando do batalhão que ele fosse
transferido da companhia que ficaria vinculado para
o almoxarifado do
Quartel-General do Exército
Constitucionalista do Setor Sul em
Itapetininga, sob o comando do coronel
Brasílio
Taborda. |
|||Tal decisão foi tomada pelo fato de que Osvaldo
era de menor e, por conseguinte, não poderia tomar
de armas e entrar em combate |
|||Não obstante, o tenente Feliciano percebeu que
a prestatividade e dedicação incontestes do sobrinho
poderiam ser grande valia à causa revolucionária,
porquanto na condição de ajudante de almoxarifado
Osvaldo ficaria responsável pela manutenção e
transporte de armamento e munição para os
companheiros que lutavam no
front |
|||E assim foi feito. Da eclosão do movimento em Julho
de 1932 até o seu término em 2 de outubro daquele
ano, o jovem Osvaldo esteve junto de seus
companheiros por São Paulo, vivenciando as mesmas
dúvidas, angústias, alegrias e tristezas que as
notícias vindas do front, fossem vitórias ou
derrotas, faziam vibrar as linhas telegráficas do
Quartel-General de Itapetininga |
|||No
Instituto Imaculada
Conceição, dirigido pelas freiras
beneditinas que residiam nessa cidade,
Osvaldo inúmeras vezes acompanhou combatentes feridos em
busca de cuidados médicos naquele educandário
transformado em hospital de campanha a 22 de Agosto.
Dessa data até o final da revolução, 840 soldados
chegaram a ser atendidos, tratados e medicados ali
pelas caridosas freiras e moças voluntárias |
|||A participação de Osvaldo na revolução o
possibilitou conhecer as demais frentes de combate,
ao ser destacado para supri-las com armamento e
munição nos municípios de
Guapiara,
Buri e
Capão Bonito. |
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|||Foi numa dessas incursões que ele conheceu os bravos
que defendiam as trincheiras constitucionalistas no
Rio das Almas,
em
Buri. |
|||Naquela praça de guerra quase inexpugnável, nas
sangrentas jornadas de 17 e 18 de Setembro, o
soldado paulista soube demonstrar toda a sua garra e
inexcedível galhardia, resistindo com granadas de
mão e por fim até a última baioneta calada contra o
avanço da infantaria do
General Valdomiro Castilho de
Lima, que só conseguiu tomar o reduto
revolucionário após ataque de pesada artilharia |
|||Perante todas essas experiências de guerra, o
adolescente Osvaldo muito rápido teve de amadurecer
como homem emocionalmente forte o bastante para
lidar com os horrores advindos da realidade dos
campos de batalha e do triste morticínio que ambos
os lados da contenda se expunham diariamente |
|||Quem saberá por
certo dizer quantas vezes ele no seu coração de
menino não encerrou duras lágrimas por algum amigo
ou conhecido de Apiaí mesmo, que soube ter tombado
em combate ou presenciou falecer no hospital de
campanha em prol da revolução? |
|||A historiografia
certamente nunca será completa o suficiente para
resgatar todas essas memórias de fortes impressões
que ficaram registradas no coração e na memória de
soldados como Osvaldo, testemunhas incontestes de
verdadeiros sacrifícios realizados pelos nossos
heróis paulistas de 32. |
Foto: Osvaldo aos 17 anos (1932).
Fonte:
Arquivo Família Santiago |
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.: De volta para casa :. |
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|||Com o cessar das
hostilidades em 2 de Outubro de 1932, Osvaldo
e demais companheiros sobreviventes foram desligados
do Exército Revolucionário que dissolvido fora com a
assinatura dos termos da rendição do Estado de São
Paulo. |
|||A pouco mais de quinze dias de completar dezoito
anos, Osvaldo retorna ao seio de sua família
em Apiaí, agora não mais como o adolescente imberbe,
mas como Ex-Combatente do último grande conflito armado
ocorrido no Brasil |
|||Uma vez no recesso de seu lar, cercado dos carinhos
dos pais e dos irmãos, ele rapidamente se reintegra
aos afazeres da vida, buscando deixar para trás os
horrores da guerra e dedicar-se com afinco na busca
de caminhos para a sua realização profissional. |
|||Nesse período ele
trabalhava na prefeitura de Apiaí, quando em 1934,
aos vinte anos, ele tira a sua carteira nacional de
habilitação, dando início, assim, a carreira de
motorista profissional que abraçaria para os
próximos setenta anos de sua vida. |
|||Mas um comunicado Osvaldo recebe com o final
do ano de 1936. Por não ter podido prestar o serviço
militar por ocasião da revolução de 32, Osvaldo
é convocado para servir o
Exército Brasileiro.
Ele então aceita a convocação, submete-se aos exames
médicos e é classificado para servir no 5º Batalhão
de Infantaria, organização militar sediada na
aprazível capital de Santa Catarina,
Florianópolis. |
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|||Aos 23 anos, Osvaldo, agora Soldado 620
Raphael, jura a bandeira nacional a sete de
setembro de 1937 e no período que serviu o Exército
Brasileiro exerceu ele as funções de motorista de
viaturas militares do Batalhão, sempre se destacando
pelo preparo físico esmerado, a conduta exemplar e o
cabal cumprimento das missões às quais era confiado. |
|||Tais atributos acabaram por lhe render a admiração de
seus pares e a elevada estima de seus superiores,
possibilitando com que ele fosse indicado para dar
baixa na primeira turma de reservistas de 1938 e
assim retornar à Apiaí naquele mesmo ano.
|
|||Mas a Apiaí que
Osvaldo deixara ao seguir para o Exército não era
mais a mesma que ele encontrou em 1938. De fato, o
município se encontrava em franco desenvolvimento
com a extração de minérios tais como ouro, chumbo e
cobre no
Parque Natural do Morro do
Ouro e
Osvaldo ali encontraria oportunidades que
definiriam novos rumos em sua vida. |
Foto: soldado Raphael (1937).
Fonte:
Arquivo Família Santiago |
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.: Caminhos do Destino :. |
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|||Com efeito, de 1938
a 1942, Osvaldo se encontrava empregado no
referido parque como motorista responsável pelo
transporte do minério de ouro para a capital do
estado. As incontáveis viagens que ele empreendeu de
Apiaí para São Paulo atestaram o grau de confiança e
o profissionalismo dos serviços que ele prestou ao
parque enquanto lá esteve. |
|||Se a vida profissional lhe trazia oportunidades de
crescimento, não deixou Osvaldo de zelar pelo
mesmo coração outrora marcado pelas fortes
lembranças da revolução de 32.
|
|||Então homem feito na sobriedade de seus 27 anos vida
em 1941, encontrou Osvaldo ao final desse ano
o amor de sua vida. E isso aconteceu de forma
inesperada, mas precisamente em uma festa de
casamento de uma prima daquela que viria a ser sua
prestimosa e dedicada esposa até os dias de hoje. |
|||Sua graça,
Augusta Campos, moça nascida em Morro Agudo,
também residente em Apiaí e que não soube esconder a
forte admiração que sentiu ao trocar olhares com
Osvaldo, gentil mancebo que soube lhe conquistar o
coração e a 22 de Abril do ano seguinte trocar com
ela alianças no enlace matrimonial realizado naquela
data na Igreja de Santo Antonio de Apiaí. |
|||De 1942 a dezembro
de 1951, Osvaldo continua exercendo a
profissão de motorista, agora sob novo vínculo
empregatício e responsável pelo transporte de
suínos. |
|||Numa feita, o
saudoso Dr. Agostinho Rubim, prefeito de
Apiaí naqueles idos de 1951, solicita a Osvaldo que
conduzisse a São Paulo dez galinhas e duas leitoas
que gostaria de presentear seu amigo pessoal e
diretor do
Instituto Histórico e
Geográfico do Estado de São Paulo
(IHGSP) do estado, o Sr. Dilermando Cândido de
Assis. |
|||Osvaldo então segue
com as galinhas e mais as leitoas para a capital, lá
chegando muito antes do início do expediente da
manhã. Cansado por ter viajado a noite toda, ele se
senta na sala de espera do gabinete do Diretor e
acaba dormindo. |
|||Ao redor das nove
horas, o diretor chega e se depara com Osvaldo
a dormir largo sono. Ele então acorda Oswaldo, se
apresenta e recebe dele a notícia do presente
enviado pelo prefeito de Apiaí. |
|||O sr. Dilermando, feliz pelo mimo recebido,
indaga
Osvaldo que oportunidades de trabalho ele
gostaria de ter se pudesse escolher dentro de sua
profissão de motorista. Osvaldo então responde que
se a ele fosse possível escolher, ele optaria por
ser motorista do
Departamento de Estradas de
Rodagem
(DER) do estado de São Paulo ou da prefeitura de
Apiaí ou de alguma cidade vizinha. |
|||O Diretor ouve a
resposta de Osvaldo e apenas sorri. Ele então
se despede do jovem com um caloroso aperto de mão,
desejando a ele uma segura viagem de retorno à
Apiaí. Era outubro de 1951 quando esse encontro
ocorreu. |
|||Em fins de Janeiro de 1952, Osvaldo recebe a
boa nova de que era funcionário do DER, na vaga de
motorista lotado em Itapetininga, desde o início
daquele mês. Emocionado com a indicação do
diretor do instituto, Osvaldo agradece a Deus
pela enorme graça recebida e comunica a esposa em
breve eles estavam de mudança para Itapetininga |
|||Era o retorno de
nosso heroí à mesma cidade que há quase 20 anos
antes chegara de Apiaí, cheio de incertezas e
esperanças, para se tornar soldado da revolução de
32. |
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.: De volta a Itapetininga :. |
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|||A mudança da família Santiago para Itapetininga se
efetivou no dia 16 de Maio de 1952. Mudaram-se
Osvaldo, D. Augusta
e quatro filhos do casal nascidos em Apiaí para a
mesma casa na qual até hoje ocupam e na qual puderam
educar os outros cinco filhos que tiveram nos anos
seguintes. |
|||Quanto ao seu exercício profissional no DER,
Osvaldo
lá permaneceu até 1987, aposentando-se como
motorista após 35 anos de serviços prestados àquele
importante órgão do estado |
|||Ao longo de todos esses anos, Osvaldo pode exercer
variado número de funções nas quais se destacaram o
transporte do pagamento de funcionários e o de
motorista dos diretores da
2º Divisão Regional do DER
(DER.2) , como os saudosos Dr.
José Sidney da Cunha e Dr. José Lúcio Santana, que muito se
afeiçoaram à pessoa de Osvaldo, nas
constantes viagens que realizavam com ele entre
Itapetininga e São Paulo, bem como demais
localidades no estado e até fora deste |
||| |
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|||No transporte do pagamento dos funcionários,
Antonio José Campos Santiago, filho de
Osvaldo, então com oito anos em 1958, conta que
acompanhou o pai nessa importante tarefa de ir
buscar o pagamento dos funcionários do DER na
capital – “enormes sacos cheios de dinheiro” – como
ele se recorda e que ao retornar para Itapetininga,
esse dinheiro todo era separado em envelopes para
entrega aos funcionários nas diversas localidades
sob a jurisdição dessa regional, a saber, Cananéia,
Capão Bonito, Sete Barras, Pariqueraçu, Itararé,
Avaré, Guapiara, Apiaí, Registro e até no litoral,
em Iguape. |
|||Durante os doze dias de cada mês que eram gastos para
realizar esses pagamentos, o menino Antonio José
ia junto de seu pai e mais o funcionário pagador a
todas essas localidades e outros tantos trechos de
estrada para realizarem também o pagamento de
diaristas do DER. A condução que utilizavam na época
era uma perua rural da qual Antonio José
emociona-se ao descrever os quatro anos que
acompanhou o pai nas viagens empreendidas |
Foto: Osvaldo (1953).
Fonte:
Arquivo Família Santiago |
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|||O que talvez o filho Antonio José não seria
capaz de hoje descrever com a mesma precisão era que
lembranças poderiam ter invadido a memória de seu
pai ao transitar todos aqueles anos por alguns dos
mesmos locais que como soldado revolucionário de 32
ele trilhara ao transportar munição e armamento para
os companheiros que lutavam naquelas paragens, então
calmas e paradisíacas, mas que outrora foram palcos
de encarniçados combates |
||| |
.: Oswaldo, o "Seu Nhová" :. |
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|||Com
a sua aposentaria no DER em 1987, uma nova e
igualmente profícua fase se iniciava na vida de
Osvaldo. Motorista continuou sendo, só que agora
particular, realizando viagens para a capital do
estado na maioria das vezes, conduzindo médicos,
familiares destes e demais pessoas que o procuravam
por saberem da sua larga experiência,
profissionalismo e discrição como chofer. |
|||No
ano seguinte, em 1988, Osvaldo atingia o
ápice de outra importantíssima face de sua vida, ao
completar trinta anos como membro da Irmandade do
Santíssimo Sacramento da Igreja do Rosário
de Itapetininga, condição na qual se encontrava
desde 1958 e que atestava também a profunda
religiosidade característica de toda a sua vida,
fosse nos passos que tomou, nos obstáculos que
venceu e na primorosa educação propiciada aos
filhos. |
|||Na
atividade de motorista, ele permaneceu até o ano de 1999, quando
completou 85 anos de vida e 70 anos de exercício da
profissão, na qual, segundo seus filhos, nunca fora
multado. |
|||A
4 de Abril de 2011, quando bati palmas frente à
residência do Sr. Osvaldo Raphael Santiago,
toda essa empolgante estória de vida que tive a
oportunidade e o privilégio de aqui relatar me era
desconhecida nos seus mais abrangentes detalhes. |
|||Desejoso
em pesquisar na cidade de Itapetininga a existência
de ex-combatentes da revolução de 1932 em vida no
município, a única pista que tive para tanto foi uma
amiga em comum que havia trabalhado na casa do Sr.
Osvaldo, o qual ela conhecia por Nhová –
carinhoso apelido pelo qual ele era conhecido por
todos desde os tempos de Apiaí – e que sabia ter
participado de alguma guerra, por ter ouvido algo a
respeito dele no recesso familiar. |
|||De
posse da localização da casa, lá cheguei na parte da
tarde daquele dia 4, uma segunda-feira, sem certeza
alguma de que talvez viesse até ser recebido,
porquanto era até então pessoa estranha a família. |
|||Minhas
dúvidas, porém, de imediato se dissiparam. Um de
seus filhos,
Mário Augusto Campos Santiago me recebeu com enorme
atenção e me levou a presença de sua mãe, a senhora
D. Augusta, a qual desde então não poupou
esforços para em tudo me ajudar na condução da
entrevista com seu marido. |
|||No
entanto, naquela tarde não tive a oportunidade de
conhecer o Seu Nhová, por estar naquela hora
descansando, mas acertamos para que dali a dois
dias, na quarta-feira, eu retornaria pela manhã para
realizarmos a entrevista que posteriormente deu
origem ao presente texto. |
|||E
assim foi. No dia 6 de Abril de 2011, tive o
privilégio de conhecer pela primeira vez em pessoa
um Ex-Combatente da revolução de 1932. Ainda que já
tivesse contato com
Ex-Combatentes da Segunda Guerra Mundial,
não me foi possível esconder a emoção de estar na
presença do Sr. Osvaldo que lá firme estava, nos
seus rijos 96 anos, ouvindo minhas perguntas e
resgatando com admirável lucidez fatos que remontam
os últimos oitenta anos de sua formidável trajetória
de vida. |
|||Com
a ajuda de sua esposa D. Augusta, dos filhos
Antonio José e
Jorge Luis, bem como de suas netas Tamise
e Gabrielli, fomos todos juntos na manhã
daquela quarta-feira reconstituindo os fatos aqui
apresentados, nos detalhes que a impressionante
memória de nosso entrevistado permitiu retratar. |
|||Hoje,
ao olharmos para a caminhada que o Sr. Osvaldo,
ou melhor, o
Seu Nhová, empreendeu ao longo da vida quase
centenária, é visível os belos frutos que ele colheu
das esperanças que plantou |
|||Com
efeito, além de ter sido agraciado com a Medalha
do Cinqüentenário da Revolução de 32 pela
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, em 9
de Julho de 1982, o Sr.
Nhová recebeu em 24 de Abril de 2008 o título
de Cidadão de Itapetininga pelos relevantes
serviços prestados ao município. A par dessas dignas
homenagens, todos os anos, o 22º Batalhão de Policia
Militar do Interior, sediado em Itapetininga,
concede-lhe homenagem por ocasião do aniversário da
Revolução Constitucionalista em 9 de Julho. |
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Foto: Homenagens recebidas do 22º Batalhão de Policia
Militar (2007) |
Fonte:
Arquivo Família Santiago |
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|||Seus
maiores e mais expressivos frutos, porém,
encontram-se consignados nos dez filhos que teve,
quais foram, Hélio Isabel Campos Santiago,
falecido em 1944; José Antonio Campos Santiago,
funcionário do DER; Maria Aparecida Campos
Santiago, professora aposentada; Antonio José
Campos Santiago, metalúrgico aposentado e
produtor rural;
Maria Goreti Campos Santiago, professora;
João Carlos Campos Santiago, falecido em 1971;
Francisco de Paula Campos Santiago, gerente de
recrutamento e seleção; Jorge Luis Campos
Santiago, investigador da Polícia Civil do
Estado de São Paulo; Mário Augusto Campos
Santiago, funcionário da prefeitura de
Itapetininga e Maria Isabel Campos Santiago,
falecida em 1961. |
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Foto: Sr. Osvaldo, esposa e seus filhos reunidos em 2010 |
Fonte:
Arquivo Família Santiago |
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|||Destes
seus dez filhos, dezoito foram os netos e dez foram
os bisnetos os quais, em até Abril de 2011, Seu
Nhová teve a graça de receber e hoje são, ao
lado de sua esposa D. Augusta – cujo
casamento no dia 22 daquele mês completou setenta
anos – o resumo de todo o seu amor, alegria e o
legado insofismável de uma vida de lutas como jovem
Ex-Combatente constitucionalista, competente praça do
Exército, motorista de escol, caridoso irmão do
Santíssimo, dedicado esposo, excepcional pai de
família e respeitado cidadão itapetiningano. |
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Foto: Sr. Osvaldo Raphael Santiago - um soldado da
Revolução Constitucionalista |
Fontes:
Arquivo Família Santiago e Jornal
Cruzeiro do Sul
Nº 31.646 de 10/07/2009 |
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|||Em
22 de outubro de 2016, o Portal Paulistas de
Itapetininga teve afixada uma placa de
QR CODE
no túmulo do Ex-Combatente Osvaldo Rafael
Santiago
contendo acesso a sua história de vida nesta página
sintetizada. |
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.: Inauguração de Praça :. |
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|||Em
9 de Julho de 2014, a Prefeitura Municipal de
Itapetininga e familiares do Ex-Combatente Osvaldo
Rafael Santiago
realizaram solenidade comemorativa aos 82 anos da
Revolução de 1932 com a inauguração da
Praça Osvaldo Raphael Santiago,
discursos alusivos e homenagens diversas. |
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Familiares e amigos de Osvaldo Rafael Santiago |
Foto:
Arquivo Família Santiago |
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|||O
Portal G1
noticiou a
inauguração da praça "Osvaldo Rafael Santiago"
destacando o significado histórico da Revolução de
1932 para Itapetininga e região. |
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|||A
solenidade contou também com a concessão da
Medalha Constitucionalista
e do Diploma de Honra ao Mérito "Soldado
Constitucionalista Osvaldo Rafael Santiago", este
último concedido a 32 personalidades e instituições,
entre elas representantes da Policia Militar do
Estado de São Paulo, do Tiro de Guerra de
Itapetininga, da Guarda Municipal, do Instituto
Histórico Geográfico e Genealógico de Itapetininga,
do Grupo de Escoteiros Ibiraci - 43/SP, da Academia
Itapetiningana de Letras e do Colégio Imaculada
Conceição. |
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.: Falecimento de um herói :. |
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|||Em
5 de Junho de 2013, todos os que conheceram o
Ex-Combatente
Osvaldo Raphael Santiago, o Seu Nhová
enlutaram-se ao serem informados do seu falecimento
ocorrido às 23 horas desse dia que concluiu o último
capítulo da vida desse insígne paulista e dedicado
brasileiro. ARMAS EM FUNERAL para um
Ex-Combatente de 32 itapetiningano que deixou um legado
de amor, respeito e patriotismo a todos os seus
descendentes e àqueles que privilegiados foram em
com ele conviver. |
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Osvaldo Raphael Santiago |
(1914 - 2013) |
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|||Seu
sepultamento no Cemitério da Irmandade do Santíssimo
Sacramento de Itapetininga ocorrido no dia seguinte
foi por demais concorrido, tendo ele recebido
homenagens de seus muitos familiares, amigos,
admiradores, bem como de autoridades civis e
militares, bem como da Sociedade Veteranos de
32-MMDC. Nota de seu falecimento foi emitida e
atingiu diversas mídias, entre elas,
jornal
e
televisão que
fizeram repercutir seu triste passamento. |
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.: Agradecimentos :. |
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|||A
entrevista realizada com o Sr. Osvaldo
Raphael Santiago só foi
possível graças a enorme gentileza de sua esposa
D. Augusta, seus filhos e netos que conosco
estiveram em nossos encontros, os quais não pouparam
esforços em propiciar valiosas contribuições para
que o texto ora apresentado pudesse refletir a
relevância de
Seu Nhová em suas vidas. A todos que
participaram direta e/ou indiretamente, os nossos
mais sinceros agradecimentos. |
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Portal Paulistas de Itapetininga |
Sustentae o fogo que a Victória é nossa! |
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